A Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção (PHDA) é uma das áreas em que o neurofeedback apresenta resultados bastante satisfatórios. Existe um elevado interesse da comunidade científica em estabelecer critérios e protocolos de neurofeedback para a PHDA. Em regra, o reforço da atividade sensoriomotora (ritmo cerebral entre os 12 Hz e os 15 Hz que se regista na região central Rolândica do cérebro e que somente surge perante determinados graus de relaxamento muscular e determinados níveis de atenção) está associada à atenção e à integração sensorial e controlo motor da musculatura das pernas e braços, com especial enfoque nas mãos.
Os estudos científicos e a nossa experiência revelam que a estimulação da atenção e o relaxamento dos músculos, por um período prolongado (vários minutos consecutivos) induzem determinadas regiões do cérebro a trabalhar de forma sincronizada. Por sua vez estas regiões influenciam as áreas corticais responsáveis pelos comportamentos desajustados (impulsivos e/ou socialmente desadequados) a funcionar de uma forma mais eficiente. Tal traduz-se por maior controlo dos movimentos e por níveis de atenção mais elevados.
Embora o reforço da atividade sensoriomotora seja o protocolo mais comum, nem sempre é o mais adequado, pois outras áreas cerebrais podem estar desreguladas ou podem existir outras patologias cujos sintomas também incluem perturbações da atenção e precário controlo dos impulsos. Por este motivo, a avaliação destas crianças implica a realização de um eletroencefalograma, pois este exame permite-nos direcionar melhor os ritmos cerebrais a estimular.
Chamo a particular atenção para a epilepsia. Como Investigadora nesta área, não posso deixar de alertar os pais e profissionais de saúde que trabalham com crianças hiperativas, que alguns tipos de epilepsia não se manifestam pelas conhecidas crises convulsivas motoras, como são exemplo as crises tonico-clónicas generalizadas. A título de exemplo, a epilepsia de ausências passa praticamente despercebida; o que é notório é a falta de atenção e o insucesso escolar. Esta patologia é totalmente diferente do PHDA e deverá ser tratada com medicação específica (e os fármacos usados para o PHDA não são aconselhados).